Escrever o último relatório do ano mistura nostalgia com a previsão do futuro. Afinal, vou falar daquilo que vivemos e daquilo que eu imagino que iremos viver no próximo ano.
2023 foi o ano em que nos redescobrimos como viver em sociedade. Passados os anos na insegurança da pandemia, em abril deste ano, a OMS declarou o fim da COVID-19 como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII).
Foi, então, um ano de contrastes. De um lado, aqueles que buscavam manter a vida mais tranquila, reflexo dos anos em casa, e do outro os que queriam abraçar o mundo e encarar todas as oportunidades de fazer algo diferente.
Foi o ano em que vimos o quiet luxury marcar presença na moda. Assim como vimos o mundo se vestir de rosa e lotar os cinemas para assistir o fenômeno que foi Barbie.
Por um lado, o mundo despertou uma guerra sem fim e de outro avançamos nas pesquisas sobre a importância da felicidade, como o excelente The BIG JOY Project, que revela como pequenos momentos de alegria podem ter um impacto significativo em nossa vida diária.
Tudo indica que esses extremos permanecerão em 2024. Prova disso, no nosso contexto, é o renascimento do maximalismo versus a neutralidade da cor do ano da Pantone, o Peach Fuzz.
Apesar disso, há algo em que as pessoas estão sedentas, o ser humano. Estamos nos provando cada dia mais sermos Humano-Afetivos. E posso apostar que esta será a maior tendência comportamental dos próximos anos.
Estamos falando disso, entre linhas, há bastante tempo. Os dois últimos relatórios trouxeram a necessidade do bom atendimento e do lado humano em detrimento da inteligência artificial.
Hoje, isso já é a necessidade de todas as empresas e marcas. Estamos saudosos nas relações humanas: queremos falar com pessoas, não com máquinas, queremos ir em eventos e não fazer cursos online, queremos voltar a comprar em lojas, queremos sair na rua, queremos uns aos outros.
O relatório da Mintel, Global Consumer Trends 2024, deu esta clara sinalização quando trouxe Being Human como uma das tendências do próximo ano. Segundo o estudo, 58% dos consumidores dos EUA afirmam que a comunicação com uma pessoa real é o que torna a interação com um vendedor ou com o departamento de atendimento ao cliente uma boa experiência.
Em Singapura, 65% dos consumidores temem que as pessoas percam o contato com a realidade ao passarem tempo demais no metaverso. A necessidade humana por aqui não é diferente, 66% dos consumidores brasileiros passam tempo com alguém de quem gostam como forma de lidar com o estresse.
Esta necessidade está refletida na comunicação. Cada vez mais as marcas verdadeiramente autênticas e reais estão ganhando vez.
Não à toa que marcas de grande sucesso são de influenciadoras, que utilizam da sua imagem e lifestyle para gerar identificação e consequentemente vendas, como WePink (Virgínia), Ginger (Marina Ruy Barbosa), Boca Rosa (Bianca Andrade), NV (Nati Vozza), GE Beauty (Camila Coutinho) e várias outras. Essas marcas exemplificam a tendência Humano-Afetiva ao conectar-se diretamente com seu público por meio de uma abordagem pessoal e autêntica.
Além de marcas que investem alto na autenticidade com conteúdos orgânicos e de pessoas reais, como a Patties Burguer, a Amen, a Patagonia e até a própria RedBull. O recado que fica para nós, quanto às pessoas à frente de marca, é lembrar cada vez mais do poder humano e da necessidade deste contato pessoal.
Troquemos os atendimentos automatizados por um atendimento que inclua uma pessoa real no processo. Troquemos as postagens meramente ilustrativas por pessoas reais falando e/ou consumindo aquilo que ofertamos. Troquemos as super estrelas que nada sabem sobre aquilo que publicitam por pessoas (que podem sim serem grandes estrelas), mas que possuam algum tipo de conexão real com a empresa.
Podemos sim apostar em vídeos longos, até porque os vlogs estão voltando. Nos preocupemos mais com as pessoas, clientes e colaboradores.
O mundo está nos exigindo que a gente volte alguns passos e, com dados e tecnologia, possamos potencializar a nossa vida real em sociedade. Nós, como consumidores, estamos exigindo a empatia e entrega, que só uma outra pessoa pode oferecer.
Vamos todos assumir que somos Humano-Afetivos 🤝
Então, como Humano-Afetivos, temos a oportunidade única de moldar um futuro repleto de autenticidade e conexões genuínas. Para as marcas e empresas prontas para abraçar essa mudança, aqui estão algumas estratégias chave:
💬 Cultivar uma Cultura de Trocas e Motivação: Incentive um ambiente de trabalho onde a comunicação e a colaboração sejam valorizadas. Isso não apenas aumenta a satisfação e a produtividade, mas também cria um espírito de equipe e um senso de propósito compartilhado.
👩🎨 Valorizar Artistas e Ilustradores Humanos: Reconheça e celebre o trabalho de criativos reais. A hashtag #artbyhumans está sendo disseminada nos EUA para apoiar e celebrar o trabalho de artistas e ilustradores reais, destacando a importância da criatividade humana frente à arte gerada por IA.
🕰️ Explorar a Nostalgia: Utilize o poder da nostalgia para criar conexões emocionais, resgatando lembranças e sentimentos positivos associados ao passado.
🎤 Apresentações Autênticas e Sem Filtros: Mostre seus produtos de forma realista e transparente, valorizando a autenticidade e construindo confiança com seu público.
🧑🤝🧑 Humanizar a Marca com Pessoas Reais: Integre colaboradores, clientes e parceiros nas comunicações da sua marca, permitindo que compartilhem suas experiências e histórias pessoais.
📸 Transparência nos Bastidores e Lifestyle: Além de mostrar os processos internos da empresa, revele também o lifestyle das pessoas por trás da marca. Compartilhe momentos do dia a dia, desafios e sucessos, criando uma conexão mais profunda e humana com o público.
🫶 Priorizar a Comunicação Humana e Empática: Substitua respostas automatizadas por interações humanas genuínas, focando em um atendimento personalizado e sensível às necessidades dos clientes.
🌟 Criar Experiências Reais: Invista em eventos e atividades que promovam a interação face a face, valorizando a conexão humana em um mundo cada vez mais digital.
👂 Ouvir e Aprender com o Feedback: Esteja sempre aberto a críticas construtivas e sugestões, adaptando-se às mudanças e necessidades do seu público.
Ao adotar essas práticas, as marcas não só se alinharão com os valores Humano- Afetivos, mas também construirão uma base de confiança e lealdade duradoura com seus consumidores. Lembre-se, a conexão verdadeira vem da vulnerabilidade, autenticidade e do esforço contínuo para compreender e valorizar as pessoas em todos os aspectos. O futuro é humano e, juntos, podemos fazer dele algo extraordinário.
Feliz 2024!
Forte abraço e conte conosco!