Na edição anterior da PIRA27, exploramos como os ambientes influenciam a criatividade dos artistas, destacando a relação entre Edvard Munch e Oslo. Como vimos, a cidade serviu de cenário para as grandes obras do artista.
Nossa Arte da Semana reflete essa conexão. Hoje um ícone cultural, a mais famosa de todas as obras de Munch foi pintada em 1893 e evoca a intensidade emocional do artista.
Descubra mais a seguir!
Angústia e emoção 👨🎨
O norueguês Edvard Munch era um homem carregado de intensas emoções e angústias existenciais. Sua mãe morreu quando ele tinha cinco anos e sua irmã quando ele tinha 16, ambas de tuberculose.
Essas experiências o afetaram profundamente e, quando adulto, ele sofreu surtos de doença mental e foi submetido a terapia de choque elétrico. Internado por depressão, Munch fez de seus problemas psicológicos os catalisadores de sua arte.
Após visitar Paris em 1889, ele ficou fortemente inspirado por artistas como Vincent van Gogh, do qual reproduziu alguns métodos para transmitir suas emoções íntimas mais profundas. É considerado precursor do Expressionismo, movimento que abandonou a ideia de a arte ser fiel à natureza para fazer obras que transmitissem um sentimento interno e subjetivo em uma perspectiva externa.
Doença, loucura e morte sempre embalaram meu berço - Edvard Munch
Um grito da natureza 🔊
Munch produziu imagens inusuais e oníricas por meio de linhas rodopiantes e cores fortes, que, por resultado, enfatizam as sensações de desolação, angústia, ansiedade e medo. A ausência de linhas horizontais impede a sensação de paz na imagem e o intenso contraste entre o azul e o laranja causa estranheza no espectador.
Tais elementos potencializam o pessimismo da pintura. Acima de um corpo curvo, duas mãos compridas envolvem uma cabeça (semelhante a uma caveira ou caricatura), ao mesmo tempo que tapam suas orelhas.
As figuras verticais ao fundo, ao caminhar pela ponte, aumentam a sensação de perigo inexplicável. O personagem é enlouquecido pela violenta agitação de linhas longas e sinuosas.
Os olhos estão arregalados e a boca aberta no que parece ser um grito que ecoa por toda a composição. Tudo isso parece conduzir ao elemento principal da tela.
É como se todo o cenário participasse da angústia e excitação. O que sugere que a figura não está gritando, mas sim a natureza ao seu redor.
A vermelhidão do céu que inspirou Munch foi um fenômeno natural que realmente aconteceu. Em 1883, a erupção do vulcão Krakatoa na Indonésia lançou uma enorme quantidade de cinzas na atmosfera, o que causou céus vermelhos e espetaculares pores do sol em várias partes do mundo nos anos seguintes.
Da censura à cultura pop 📺
Décadas mais tarde, a obra foi classificada como arte degenerada pelo totalitarismo nazista e retirada de exibição. Os nazistas desprezavam qualquer forma de arte moderna que eles consideravam subversiva, decadente ou inapropriada para a cultura ariana.
Atualmente, diversas referências e homenagens a O Grito podem ser encontradas na cultura pop. Por exemplo na máscara do vilão do filme Pânico (Scream), no pôster de Esqueceram de Mim e no emoji 😱. Em 2012, uma das versões da pintura foi leiloada por quase 120 milhões de dólares, consolidando seu status no mundo da arte.
A arte é o oposto da natureza. Uma obra de arte só pode vir de dentro de uma pessoa. - Edvard Munch.