Baile no Moulin de la Galette (1876), de Pierre Auguste Renoir🕺
A alegria da vida boêmia.
Celebrada como uma das maiores obras do impressionismo, a tela de Pierre Auguste Renoir representa um baile ao ar livre realizado no Moulin de la Galette, um popular estabelecimento em Paris. O moinho que se transformou em espaço de dança e convívio era o cenário perfeito para a observação da sociedade da época.
Descubra mais sobre a obra e seus detalhes nesta edição da PIRA27.
A rebeldia impressionista 🧨
Inauguradores da arte moderna, os impressionistas foram o grupo mais radical, rebelde e disruptivos em toda a história da arte. Eles sofreram privações pessoais e ridículo profissional na perseguição obstinada de suas visões artísticas.
Tudo isso por rasgarem o livro de regras da Academia de Belas Artes e sacudirem o establishment artístico pintando temas vulgares como pessoas comuns em um piquenique, bebendo ou andando. O que, em analogia, soaria para a época como se Martin Scorsese virasse um youtuber.
Além disso, eles não faziam questão nenhuma de esconder sua rejeição à perspectiva, a composição equilibrada, as figuras idealizadas e o chiaroscuro da Renascença. Ao contrário, eles acentuavam seu manejo do pincel em toques grossos, curtos e coloridos, que acrescentavam uma impressão de energia jovem a suas pinturas, refletindo o espírito de seu tempo.
Um instante de alegria captado 🎨
Na busca por expressar as alegrias cotidianas da vida, Baile no Moulin de la Galette retrata figuras humanas vestidas com suas roupas mais finas, dançando e bebendo. Cada personagem parece imerso em um estado de despreocupação, refletindo a atmosfera vibrante da vida boêmia parisiense.
Cortando figuras na beirada da tela, ele tornou implícito que a cena se expandia para além da moldura. A multidão é distribuída de maneira a criar um fluxo natural, levando o olhar do espectador pela cena.
O artista explorou a percepção de profundidade, desfocando as pessoas ao fundo em pinceladas pouco definidas. Somente os rostos no primeiro plano são representados com alguns detalhes, algo audacioso e pouco convencional para a época.
Renoir fragmentava a forma em manchas brilhantes, figuras sem contornos e de distintas cores. Outra característica sua era o uso de cores primárias, além da recusa em usar o preto (substituindo pelo azul).
A aparente superficialidade da obra nada tem a ver com desleixo. Ao contrário, se o artista tivesse pintado todos os detalhes, o quadro teria um aspecto monótono e sem vida.
Impressionistas como ele sabiam o poder do olho humano. Sendo assim, bastava fornecer a sugestão correta, que o nosso olhar trataria de construir a imagem total ali presente.
Na Paris romântica e rebelde🍷
O nome Moulin de la Galette, refere-se ao conjunto de dois moinhos de vento, o Moulin Blute-Fin e o Moulin Radet. Localizado em Montmartre, bairro conhecido por seu charme boêmio, cafés animados e o icônico Moulin Rouge, o local foi retratado por diversos artistas, como Vincent Van Gogh, Toulouse-Lautrec e Pablo Picasso.
Atualmente, o local abriga um restaurante com o mesmo nome. Se você estiver por Paris para às Olimpíadas, pode dar uma passadinha e se deliciar com pratos típicos da culinária francesa.